Mês Internacional das Bibliotecas Escolares
Aproxima-se outubro, o Mês Internacional da Biblioteca Escolar (MIBE) e, com ele, mais uma oportunidade para as bibliotecas demonstrarem amplamente a importância que têm na vida das crianças e jovens, pelo trabalho que desenvolvem nas áreas da leitura e das literacias, no acesso à cultura e no desenvolvimento da cidadania.
O tema definido pela International Association of School Librarianship (IASL) para 2015 é: A biblioteca escolar é super! (tradução adotada pela Rede de Bibliotecas Escolares).
O Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares estabelece 26 de outubro como Dia da Biblioteca Escolar em Portugal, para 2015.
Como habitualmente, neste mês, convidamos os novos alunos a descobrirem o espaço e as valências da Biblioteca Escolar, através de atividades práticas, de caráter lúdico-pedagógico, numa sessão de esclarecimento chamada "Biblioteca Escolar - um tesouro a descobrir".
A propósito de bibliotecas, sugerimos-te a leitura do seguinte texto:
Como habitualmente, neste mês, convidamos os novos alunos a descobrirem o espaço e as valências da Biblioteca Escolar, através de atividades práticas, de caráter lúdico-pedagógico, numa sessão de esclarecimento chamada "Biblioteca Escolar - um tesouro a descobrir".
A propósito de bibliotecas, sugerimos-te a leitura do seguinte texto:
NAMORA UMA RAPARIGA QUE LÊ
«Namora
uma rapariga que lê. Namora uma rapariga que gaste o dinheiro em livros, em vez
de roupas. Ela tem problemas de arrumação porque tem demasiados livros. Namora
uma rapariga que tenha uma lista de livros que quer ler, que tenha um cartão da
biblioteca desde os doze anos.
Encontra
uma rapariga que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro por
ler na mala. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela
que dá um grito impercetível ao encontrar o livro que queria. Vês aquela miúda
com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros em
segunda mão? É a leitora. Nunca resistem a cheirar as páginas, especialmente
quando ficam amarelas.
Ela é a
rapariga que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a
chávena, vês que a espuma do leite ainda paira à superfície, porque ela já está
absorta. Perdida num mundo feito pelo autor. Senta-te. Ela pode ver-te de
relance, porque a maior parte das raparigas que leem não gostam de ser
interrompidas. Pergunta-lhe se está a gostar do livro.
Oferece-lhe
outra chávena de café com leite.
Diz-lhe
o que realmente pensas do Murakami. Descobre se ela foi além do primeiro
capítulo da Irmandade. Entende que, se ela disser ter percebido o Ulisses de
James Joyce, é só para soar inteligente. Pergunta-lhe se gosta da Alice ou se
gostaria de ser a Alice.
É fácil
namorar com uma rapariga que lê. Oferece-lhe livros no dia de anos, no Natal e
em datas de aniversários. Oferece-lhe palavras como presente, em poemas, em
canções. Oferece-lhe Neruda, Pound, Sexton, cummings. Deixa-a saber que tu
percebes que as palavras são amor. Percebe que ela sabe a diferença entre os
livros e a realidade – mas, caramba, ela vai tentar fazer com que a vida se
pareça um pouco com o seu livro favorito. Se ela conseguir, a culpa não será
tua.
Ela tem
de arriscar, de alguma maneira.
Mente-lhe.
Se ela compreender a sintaxe, vai perceber a tua necessidade de mentir. Atrás
das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. Nunca
será o fim do mundo.
Desilude-a. Porque uma rapariga que lê compreende que falhar conduz sempre ao clímax. Porque essas raparigas sabem que todas as coisas chegam ao fim. Que podes sempre escrever uma sequela. Que podes começar outra vez e outra vez e continuar a ser o herói. Que na vida é suposto existir um vilão ou dois.
Desilude-a. Porque uma rapariga que lê compreende que falhar conduz sempre ao clímax. Porque essas raparigas sabem que todas as coisas chegam ao fim. Que podes sempre escrever uma sequela. Que podes começar outra vez e outra vez e continuar a ser o herói. Que na vida é suposto existir um vilão ou dois.
Porquê
assustares-te com tudo o que não és? As raparigas que leem sabem que as
pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto na saga Crepúsculo.
Se
encontrares uma rapariga que leia, mantém-na perto de ti. Quando a vires
acordada às duas da manhã, a chorar e a apertar um livro contra o peito,
faz-lhe uma chávena de chá e abraça-a. Podes perdê-la por um par de horas, mas
ela volta para ti. Falará como se as personagens do livro fossem reais, porque
são mesmo, durante algum tempo.
Vais
declarar-te num balão de ar quente. Ou durante um concerto de rock. Ou,
casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Pelo Skype.
Vais
sorrir tanto que te perguntarás por que é que o teu coração ainda não explodiu
e espalhou sangue por todo o peito. Juntos, vão escrever a história das vossas
vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos ainda mais estranhos. Ela
vai apresentar os vossos filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo
dia. Vão atravessar juntos os invernos da vossa velhice e ela recitará Keats,
num sussurro, enquanto tu sacodes a neve das tuas botas.
Namora uma rapariga que lê, porque tu mereces. Mereces uma rapariga que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. Se só lhe podes oferecer monotonia, horas requentadas e propostas mal cozinhadas, estás melhor sozinho. Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma rapariga que lê.
Namora uma rapariga que lê, porque tu mereces. Mereces uma rapariga que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. Se só lhe podes oferecer monotonia, horas requentadas e propostas mal cozinhadas, estás melhor sozinho. Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma rapariga que lê.
Ou,
melhor ainda, namora uma rapariga que escreve.»
(Texto
de Rosemary Urquico, encontrado no blogue de Cynthia Grow. Tradução livre de Carla Maia de Almeida para celebrar o Dia Mundial do
Livro, 23 de Abril.)
Comentários
Foi muito divertido!!