Exposição "Mulheres da Literatura"
Hoje,
dia 8 de março, é Dia
Internacional da Mulher.
E sabes
por que razão se comemora a 8 de Março o Dia Internacional da Mulher? Não? Aqui
vai:
É que
no dia 8 de Março de 1857 (há quase 160 anos, em plena Revolução Industrial)
houve uma manifestação organizada por trabalhadoras, só por mulheres, que
infelizmente não acabou bem.
Nesse
dia, centenas de mulheres, trabalhadoras de fábricas de vestuário e têxteis de
Nova Iorque, iniciaram uma marcha de protesto contra os salários baixos, as más
condições de trabalho e o horário de trabalho obrigatório de 12 horas por dia!
A
polícia foi chamada e dispersou essa manifestação com enorme violência.
Naquela
altura, as mulheres não tinham direitos quase nenhuns. Sabes que nem votar
podiam?
Por
isso era impensável terem tido a coragem de se reunir e de protestar!
É que
hoje nós aceitamos que as mulheres e os homens devem ter as mesmas
oportunidades e direitos, mas dantes não era assim...
Aliás,
se pensares um pouco verás que ainda há muito a fazer para haver justiça, não
é?
Por
causa desse acontecimento, desde 1975, as Nações Unidas comemoram o dia 8 de
Março como o Dia Internacional da Mulher.
A Biblioteca Escolar, para assinalar este dia, convida-te a visitar a exposição
“Mulheres da Literatura” e a conhecer as 14 mulheres que, até hoje,
receberam o Prémio Nobel da Literatura.
A BE propõe-te também a leitura do poema de Joaquim Maria
Machado de Assis, intitulado “Menina e Moça”.
Está
naquela idade inquieta e duvidosa,
Que não
é dia claro e é já o alvorecer;
Entreaberto
botão, entrefechada rosa,
Um
pouco de menina e um pouco de mulher.
Às
vezes recatada, outras estouvadinha,
Casa no
mesmo gesto a loucura e o pudor;
Tem
coisas de criança e modos de mocinha,
Estuda
o catecismo e lê versos de amor.
Outras
vezes valsando, e* seio lhe palpita,
De
cansaço talvez, talvez de comoção.
Quando
a boca vermelha os lábios abre e agita,
Não sei
se pede um beijo ou faz uma oração.
Outras
vezes beijando a boneca enfeitada,
Olha
furtivamente o primo que sorri;
E se
corre parece, à brisa enamorada,
Abrir
asas de um anjo e tranças de uma huri.
Quando
a sala atravessa, é raro que não lance
Os
olhos para o espelho; e raro que ao deitar
Não
leia, um quarto de hora, as folhas de um romance
Em que
a dama conjugue o eterno verbo amar.
Tem na
alcova em que dorme, e descansa de dia,
A cama
da boneca ao pé do toucador;
Quando
sonha, repete, em santa companhia,
Os
livros do colégio e o nome de um doutor.
Alegra-se
em ouvindo os compassos da orquestra;
E
quando entra num baile, é já dama do tom;
Compensa-lhe
a modista os enfados da mestra;
Tem
respeito a Geslin, mas adora a Dazon.
Dos
cuidados da vida o mais tristonho e acerbo
Para
ela é o estudo, excetuando talvez
A lição
de sintaxe em que combina o verbo
To
love, mas sorrindo ao professor de inglês.
Quantas
vezes, porém, fitando o olhar no espaço,
Parece
acompanhar uma etérea visão;
Quantas
cruzando ao seio o delicado braço
Comprime
as pulsações do inquieto coração!
Ah! se
nesse momento alucinado, fores
Cair-lhes
aos pés, confiar-lhe uma esperança vã,
Hás de
vê-la zombar dos teus tristes amores,
Rir da
tua aventura e contá-la à mamã.
É que
esta criatura, adorável, divina,
Nem se
pode explicar, nem se pode entender:
Procura-se
a mulher e encontra-se a menina,
Quer-se
ver a menina e encontra-se a mulher!
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