A 16 de novembro de 2022, José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998, completaria 100 anos. As Comemorações do Centenário do escritor, iniciadas há um ano atrás, contaram, nesta Escola, com várias iniciativas, entre as quais a plantação de uma oliveira em sua homenagem, junto à biblioteca da Escola. E porquê uma oliveira? Porque esta árvore se reveste de uma importância muito significativa na vida de Saramago, desde a sua infância, vivida na Azinhaga, uma aldeia do concelho da Golegã, infância que ele retrata no seu livro “As pequenas memórias”.
"À casa dos meus avós (…)
chamavam-lhe Casalinho, e o nome do sítio era Divisões, talvez porque o olival
ralo e esparso que havia em frente (…) pertencesse a diferentes donos: como se
em vez de árvores se tratasse de gado, as oliveiras estavam marcadas no tronco
com as iniciais dos nomes dos seus respetivos proprietários." (In As pequenas
memórias, p.79)
"Árvore venerável era também uma
oliveira em cujo retorcido tronco se apoiava a vedação que dividia o quintal.
Por causa das silvas que a rodeava e de um espinheiro-alvar que lhe fazia
ameaçadora guarda, foi, nas redondezas da casa dos meus avós, a única árvore de
porte a que nunca subi." (In As pequenas
memórias, p.120)
Na Azinhaga, os olivais
multiplicavam-se, mas, a pouco e pouco, foram destruídos para dar lugar a,
segundo o autor, “culturas mais lucrativas”. Para Saramago, essa mudança de
paisagem representava um “golpe no coração”. Hoje, as cinzas do escritor
repousam junto a uma oliveira, plantada em frente à Casa dos Bicos, em Lisboa, onde se situa a Fundação José Saramago. Por isso, diz quem trata da oliveira "manter a integridade da oliveira é, de alguma forma, manter o coração de
Saramago a pulsar".
Também a oliveira que nós plantámos queremos manter viva, juntamente com a memória de Saramago. E como se de uma pessoa se tratasse, batizámo-la, ontem, com o nome de uma das personagens femininas mais marcantes da sua obra literária, Blimunda, de “O Memorial do Convento”. O nome de Blimunda ficará gravado numa placa que descerrámos com a colaboração do diretor da Escola, Dr. Jorge Silva.
Num segundo momento da sessão de homenagem a Saramago, recordámos um pouco da relação amorosa das personagens principais da
obra “Memorial do Convento”, Blimunda e Baltasar. Como pano de fundo, a famosa
passarola, invenção do Padre Bartolomeu de Gusmão, cuja construção não foi
possível sem a força física de Baltasar e os poderes de Blimunda.
“Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes”...
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